10/12/2010

UM DESABAFO SINCERO...

Postado por Luís Filipe de Azevedo

Não há um desejo em mim de ser um crítico que não cabe em lugar nenhum. Não sou dono da verdade, nem palmatória do mundo. Pelo contrário, crescem em minha consciência a cada dia um sentimento de imperfeição e um outro de que preciso melhorar. Luto para não deixar que minha covardia me afaste de confrontar meus próprios paradoxos. Confesso que todos os dias quando olho no espelho da Palavra de Deus, e vejo a minha imagem, percebo o quanto ainda estou tão deformado. Não nego que sou incapaz de viver tudo o que prego - reconheço que a mensagem que anuncio é muito mais excelente do que minha vida e que sou desafiado, a cada momento, a viver cada palavra que sai da minha boca.

Porém...

Não posso concordar com líderes evangélicos que se vendem para políticos a troco de vagas nas prefeituras. Homens que se dizem colunas da ética e da moral, fazendo trambiques e vendendo votos dos fiéis, para se beneficiarem financeiramente.

Não consigo aceitar o fato de homens que se dizem pregoeiros da verdade, pregadores de massa, trocarem os púlpitos pelos palanques de comício, as igrejas pela câmara de deputados, o ofício eclesiástico pelo ofício político. Faço minhas as palavras do Rev. D. Martyn Lloyd-Jones: "Para mim a pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado". Como alguém pode deixar de ser ministro do Evangelho de Jesus para militar na política partidária? Isso é um absurdo!

Não coaduno com essas igrejas brasileiras que perderam a credibilidade por centralizarem suas mensagens na promessa irresponsável de teologia da prosperidade; que busca se especializar na mecânica de fazer preces poderosas e ungidas; de ensinar a virtude como mero degrau para o sucesso; que proclama que para ser abençoado, basta elevar uma das mãos ao céu e pôr a outra mão no bolso com dinheiro para arrancar a oferta do sacrifício. As pessoas precisam só do Evangelho! De nada mais!

Não suporto estar em ambientes onde se geram culpa e paranóia como pretexto de ajudar as pessoas a reconhecerem sua necessidade de Deus. Pregadores que mais amedrontam as pessoas levando-as, pelo mero emocionalismo, a virem a frente "aceitando" a Jesus. Será? Será que aquela atitude é suficiente? Não! Eu acredito ser o arrependimento o sinal da verdadeira conversão!

Eis aí um desabafo. Palavras que surgem da inquietação do meu coração com o quadro caótico do seguimento evangélico (gospel show) brasileiro.

Escrevo estas linhas com o intenso desejo me afastar dessas discrepâncias e de viver o Evangelho de Cristo todo, todos os dias, enquanto viver, e proclamá-lo fielmente a toda criatura...

Que o Senhor me ajude,

Pr. Filipe.

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